quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Filosofia de carnaval

"Sexo, logo existo."

Corrompendo a categoria

Mas não me faltava mais nada pra terminar de desgraçar com a porcaria da minha vida. Veja só você, eu sou um mendigo, vivo cagado, mijado e cheio de cachaça nas idéia. Sou xingado por moleques e corro o risco de ser atropelado e até de morrer queimado por um nazista pouco mais revoltado. Pois bem:

Ontem de tarde, ou anteontem, sei lá, eu acordei, joguei o papelão de lado, estiquei a mão pra pegar a garrafa e matei o ultimo gole pra levantar bem. Tinha feira na rua de cima, isso quer dizer que era dia de encher o bucho, ingerir sustância. A gente tem que chegar depois que a feira acaba, faz parte do trato com os feirantes. Eles guardam uns tomate lá e a gente não dá as caras enquanto a freguesia ta comprando. Um calor dos inferno, e eu fui lá com um pé descalço no asfalto quente pra bater a xepa.

Tava na hora já. Quando cheguei, o Zé Banana, que vende maçãs, disse que não tinha mais nada pra mim.

- Aqueles ali passaram com uma sacola e levaram tudo.

Disse apontando pra uma turminha de adolescentes com tatuagem e piercing na cara. São freegans, me explicou. Eles são contra o sistema capitalista, consumismo, comem só vegetais e não compram nada, comem o que plantam ou encontram por aí.

- Como é que é, Banana?

- É. A maioria deles mora nesse condomínio aqui atrás, ó.

- 'Ce ta me dizendo que eu que to aqui, comendo o pão que o diabo amassou com a bunda e essa veadinhos pegam a xepa porque acham bonito?

Nesse momento, sai uma menina da turma com um sorriso largo, abre a sacola cheia de coisas e me oferece:

- Pode pegar o que quiser, fique a vontade, viu!

Minha barriga deu um ronco enorme, mas me segurei, olhei bem pra ela e disse:
- Quem disse que eu quero dividir com você, piranha!

Era questão de principio. Não aceito esmola de quem ainda vai trair o movimento.

Por Igor Graciano.
Ai, mano. Quem é, é. Quem não é os cabelo avôa, tá ligado!